No atual cenário global, doenças preveníveis por vacinas voltaram a emergir como questões de saúde pública, e uma delas, em particular, tem chamado a atenção: o sarampo. Este viral, que muitos pensavam estar controlado, mostrou que ainda possui força suficiente para causar surtos e epidemias. Neste artigo, exploraremos o que é o sarampo, suas causas e sintomas, assim como a importância vital da prevenção, especialmente através da vacinação.

Por anos, o sarampo foi uma das principais causas de morte entre crianças pequenas apesar da existência de uma vacina segura e eficaz para preveni-lo. É uma doença extremamente contagiosa e afeta principalmente indivíduos que não estão imunizados. A imunização em massa se tornou a estratégia principal para erradicação desta doença, mas a desinformação e o medo de vacinas têm contribuído para o ressurgimento do sarampo em diversas regiões.

Compreender esta doença é o primeiro passo para combatê-la. Ao longo deste artigo, discutiremos os aspectos clínicos do sarampo, os cuidados necessários para seu tratamento e, fundamentalmente, como podemos nos prevenir contra ela. Destacaremos também a responsabilidade coletiva na manutenção da saúde pública e por que a vacinação em massa é essencial para a erradicação do sarampo.

O sarampo não é apenas uma doença da infância, e seu impacto vai além da saúde individual. Afeta comunidades, sobrecarrega sistemas de saúde e tem implicações socioeconômicas significativas. Portanto, este artigo visa não apenas informar, mas também incentivar ações que promovam e sustentem as medidas de controle e prevenção do sarampo.

O que é o sarampo?

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus do gênero Morbillivirus, altamente contagioso e que se propaga por meio de gotículas respiratórias ou pelo contato direto com secreções nasais ou da garganta de pessoas infectadas. A infecção pelo vírus do sarampo era comum na infância até que a vacinação se tornasse amplamente disponível.

Apesar de ser uma doença muitas vezes associada a crianças, o vírus do sarampo não discrimina por idade e pode afetar adultos não vacinados ou que não tiveram contato prévio com o vírus. A doença se caracteriza por sintomas que incluem febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e uma erupção cutânea característica.

A patogenia do sarampo é preocupante porque o sistema imunológico da pessoa infectada pode ser debilitado por várias semanas após a infecção, deixando-a vulnerável a outras doenças infecciosas. O vírus do sarampo tem um período de incubação que dura aproximadamente 10 a 12 dias antes do aparecimento dos sintomas, tempo no qual o vírus já pode ser transmitido.

Causas e transmissão do sarampo

O sarampo é causado exclusivamente pelo vírus do sarampo. Este vírus tem uma alta taxa de transmissibilidade, sendo considerado um dos mais contagiosos entre os agentes infecciosos conhecidos. A transmissão se dá principalmente pelo contato direto com gotículas infecciosas ou por via aérea, quando uma pessoa doente tosse, espirra ou fala.

As partículas contendo o vírus podem permanecer no ar e sobre superfícies por até duas horas. Indivíduos susceptíveis que entram em contato com essas partículas podem contrair o sarampo se não estiverem imunizados. É importante notar que uma pessoa com sarampo pode começar a transmitir o vírus cerca de quatro dias antes do surgimento da erupção cutânea e até quatro dias depois.

Uma pessoa que nunca foi infectada pelo vírus do sarampo e que não foi vacinada está quase certamente destinada a contrair a doença se for exposta a ela. Isso destaca a relevância da vacinação como meio de prevenir não apenas a doença individualmente, mas também surtos em comunidades.

Modo de Transmissão Exemplo
Contato direto Aperto de mão com uma pessoa infectada
Gotículas respiratórias Tosse ou espirro de uma pessoa com sarampo
Via aérea Respiração do ar em um ambiente contaminado

Sintomas do sarampo

A infecção pelo sarampo inicia com sintomas que podem ser confundidos com uma simples gripe ou resfriado. A pessoa pode experimentar febre alta, tosse seca, coriza e olhos avermelhados e inchados. Entretanto, após alguns dias, desenvolve-se a característica mais distintiva do sarampo: uma erupção cutânea.

  1. Fase inicial (2 a 4 dias):
  • Febre alta, que pode exceder 40°C;
  • Tosse seca, coriza e conjuntivite;
  1. Aparecimento de manchas de Koplik (2º dia):
  • Pequenas manchas brancas no interior das bochechas;
  1. Erupção cutânea (após 3 a 5 dias)
  • Manchas vermelhas planas que geralmente começam no rosto e se espalham pelo corpo;
  • A erupção pode durar cerca de uma semana.

O reconhecimento precoce desses sinais, especialmente em pessoas não vacinadas, é crucial para o isolamento adequado do paciente e prevenção da propagação da doença.

Complicações possíveis do sarampo

A infecção pelo sarampo pode provocar complicações graves, principalmente em crianças abaixo dos cinco anos de idade, adultos acima dos 20 anos, gestantes e pessoas com imunidade comprometida. Dentre as complicações mais comuns e sérias, destacam-se:

  • Infecções respiratórias como pneumonia, que é a causa mais comum de morte por sarampo em crianças pequenas;
  • Otitis media, que pode resultar em perda de audição;
  • Complicações neurológicas tais como encefalite, que pode levar a danos cerebrais permanentes;

Raramente, o sarampo pode levar a uma condição fatal conhecida como panencefalite esclerosante subaguda (PEES), que geralmente surge anos após a infecção inicial. As taxas de complicações podem ser altas em populações com alto grau de desnutrição e em pessoas com imunidades deficientes.

Faixa Etária Complicações Mais Comuns
Crianças menores de 5 anos Pneumonia, diarreia, infecções de ouvido
Adultos maiores de 20 anos Pneumonia, encefalite
Gestantes Parto prematuro, baixo peso do neonato, aborto espontâneo

Vacinação contra o sarampo: como funciona?

A vacinação é o método mais eficaz de prevenção contra o sarampo. A vacina contra o sarampo é normalmente combinada com as vacinas contra caxumba e rubéola (vacina tríplice viral, conhecida como MMR). Uma versão quádrupla que inclui também a varicela é conhecida como MMRV. A vacina contém vírus vivos atenuados e é administrada por injeção.

O esquema de vacinação recomendado inclui duas doses:

  1. Primeira dose: administrada entre os 12 e 15 meses de idade;
  2. Segunda dose: entre os 4 e 6 anos de idade ou pelo menos 28 dias após a primeira dose.

Adultos que não foram vacinados e nunca tiveram sarampo também devem receber ao menos uma dose da vacina. Mulheres grávidas e pessoas imunocomprometidas não devem receber a vacina, pois contém vírus vivos, embora atenuados. Em caso de surto, as recomendações de vacinação podem mudar para controlar a propagação da doença.

A eficácia da vacina tríplice viral é alta, acima de 95% após duas doses. A imunidade gerada pela vacina é de longa duração, podendo ser por toda a vida para a maioria das pessoas.

Tratamento do sarampo: cuidados necessários

Embora não haja um tratamento específico que elimine o vírus do sarampo, a abordagem se concentra no alívio sintomático e na prevenção de complicações. Os cuidados recomendados incluem o seguinte:

  1. Isolamento do paciente: para evitar a disseminação do vírus, é importante que a pessoa infectada fique em isolamento durante o período contagioso;
  2. Hidratação: manter uma boa hidratação, pois a febre e o rash podem aumentar a necessidade de líquidos;
  3. Controle da febre e da dor: o uso de antipiréticos e analgésicos como o paracetamol pode ajudar;

Em casos de complicações como pneumonia ou otite média, podem ser necessários antibióticos. Além disso, a suplementação de vitamina A é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para crianças com diagnóstico de sarampo, uma vez que pode ajudar a reduzir a mortalidade.

Medidas de prevenção e controle do sarampo

Além da vacinação, existem outras medidas importantes para a prevenção do sarampo. Uma delas é a vigilância epidemiológica, que envolve a notificação imediata de casos suspeitos e a confirmação laboratorial. A enfermidade é de notificação compulsória, e qualquer suspeita deve ser comunicada às autoridades de saúde.

Outro aspecto importante da prevenção é o isolamento dos casos, especialmente em locais como escolas e creches, onde a transmissão pode ser rápida. Informação e educação da população sobre a doença e a vacinação também são ferramentas poderosas para evitar o medo e a desinformação.

É importante destacar que o controle do sarampo também depende de fatores como:

  • Acesso à vacinação;
  • Cobertura vacinal adequada;
  • Educação sobre saúde e medidas higiênicas.

A importância da vacinação em massa

A vacinação em massa é essencial para alcançar a imunidade de rebanho, um conceito epidemiológico que ocorre quando uma proporção significativa da população está imunizada, seja por vacinação ou por ter tido a doença, reduzindo a probabilidade de transmissão do patógeno. Para o sarampo, estima-se que a cobertura vacinal necessária para alcançar a imunidade de rebanho seja de cerca de 95%.

A imunização de massa também protege aqueles que não podem ser vacinados, como bebês que ainda não têm idade suficiente para receber a vacina, pessoas imunocomprometidas ou com alergias específicas aos componentes da vacina. Dessa forma, a vacinação em massa é uma responsabilidade social, além de um ato individual de saúde.

Recapitulação

  • O sarampo é uma doença infecciosa causada pelo vírus do sarampo, altamente contagiosa;
  • A transmissão ocorre por contato direto ou via aérea com gotículas infectadas;
  • Os sintomas incluem febre alta, tosse seca, coriza, conjuntivite e rash cutâneo;
  • As complicações podem ser graves, como pneumonia e encefalite;
  • A vacinação, especialmente a vacina tríplice viral MMR, é a forma mais eficaz de prevenção;
  • Não existe um tratamento específico para o sarampo, apenas manejo dos sintomas e prevenção de complicações;
  • A imunidade de rebanho é alcançada através da vacinação em massa, que é crucial para controlar a doença.

Conclusão

O sarampo é uma doença que representa riscos graves à saúde pública, mas a boa notícia é que temos as ferramentas necessárias para preveni-la e controlá-la. A vacinação comprovadamente reduz e pode eliminar a circulação do vírus do sarampo nas comunidades. Por isso, é essencial que haja conscientização sobre a importância da vacina e que todos que possam se vacinem.

O tratamento do sarampo é principalmente de suporte, sendo essencial investir na prevenção. Governos, profissionais de saúde e comunidades devem trabalhar em conjunto para garantir altas taxas de vacinação e monitoramento de possíveis casos da doença. É um esforço coletivo que pode salvar vidas e prevenir surtos.

Precisamos continuar a educar e combater a desinformação que circunda o tema das vacinas. A imunização é uma das maiores conquistas da saúde pública e deve ser valorizada como a proteção eficaz que é. Mantendo a vacinação em dia, estaremos não só protegendo a nós mesmos, mas também contribuindo para a saúde comunitária e para um futuro sem sarampo.

FAQ

  1. O que é o sarampo?
    O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que pode causar sérias complicações de saúde e até ser fatal.
  2. Como o sarampo é transmitido?
    O sarampo é transmitido por contacto direto com gotículas respiratórias ou pelo ar, quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.
  3. Quais são os sintomas do sarampo?
    Os sintomas iniciais do sarampo são similares aos de um resfriado, seguidos por febre alta e uma erupção cutânea em manchas vermelhas.
  4. Quem deve receber a vacina contra o sarampo?
    Crianças a partir dos 12 meses de idade e adultos que não foram vacinados ou que não tiveram a doença devem ser vacinados.
  5. Quais as complicações possíveis do sarampo?
    Complicações podem incluir pneumonia, otite média, encefalite, entre outras condições sérias.
  6. A vacina contra o sarampo é segura?
    Sim, a vacina contra o sarampo é considerada segura e eficaz e é uma das melhores formas de prevenir a doença.
  7. Quando uma pessoa com sarampo pode transmitir a doença?
    Uma pessoa pode transmitir o sarampo desde quatro dias antes até quatro dias após o surgimento da erupção cutânea.
  8. O que é imunidade de rebanho e por que é importante?
    Imunidade de rebanho ocorre quando uma grande parte da população é imunizada, protegendo aqueles que não podem ser vacinados.

Referências

  1. Organização Mundial da Saúde (OMS). (2020). Sarampo. [online] Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/measles
  2. Ministério da Saúde Brasil. (2020). Plano de Ação para Interrupção da Circulação do Vírus do Sarampo no Brasil. [online] Disponível em: http://www.saude.gov.br/sarampo
  3. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2020). Measles (Rubeola). [online] Disponível em: https://www.cdc.gov/measles/index.html
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